Descobre este roteiro gastronómico em Tavira com sabores locais, restaurantes tradicionais e menus de autor. Um dia inteiro de petiscos, polvo e poesia à mesa.
Imagina um dia inteiro a investigar os sabores de Tavira, como se fosses um detetive gastronómico à solta pelas ruelas, praças e margens da Ria Formosa. Nada de agendas rígidas, só fome genuína, curiosidade e vontade de te sentares à mesa com o Algarve no prato. Este roteiro é para ti — que gostas tanto de um petisco tradicional como de um empratamento com flores comestíveis.
Almoço – Entre estrelas e segredos bem guardados
Começamos no centro histórico, mais precisamente no A Ver Tavira, restaurante de inspiração regional com estrela Michelin, que tem tudo para surpreender: vista para os telhados da cidade, staff discreto mas atento, e um menu de almoço onde cavalas fumadas, sabores inspirados no barrocal algarvio e gelados caseiros de poncha convivem pacificamente. É o Algarve com poesia no prato.
Mas se a carteira pedir uma pausa, tens uma alternativa sem perda de autenticidade no Ti Maria Gastrobar, a poucos metros, onde petiscos como muxama de atum com laranja algarvia ou pastéis de polvo têm sabor de verão e travo a mar.
Depois do almoço, podes perder-te a pé pelas calçadas mouriscas, subir ao castelo para queimar umas calorias investigativas ou cruzar a ponte romana até à outra margem do rio Gilão. Se precisares de um doce, passa no Delizia, no Mercado da Ribeira, onde o gelado de figo com flor de sal é tudo menos banal.
Jantar – Tradição no prato, vista para a ria
Quando o sol começa a mergulhar atrás das salinas, apontamos em direção a Santa Luzia, a autoproclamada “capital do polvo”. A nossa sugestão principal é a Casa do Polvo Tasquinha, onde o protagonista é sempre o mesmo molusco, mas em atuações surpreendentemente distintas: à lagareiro, em feijoada, panado, em arroz ou até em açorda. Aqui não se brinca com o polvo — venera-se.
Se o restaurante estiver completo (acontece), faz marcha-atrás até Tavira e tenta uma mesa no Restaurante Ideal, onde a sopa de peixe no pão é daquelas que aquecem corpo e alma, ou no Zé Maria e Lita, se quiseres uma grelhada de peixe digna de pescador local.
Durante o jantar, há sempre espaço para aprender: sabias que o sal de Tavira tem Denominação de Origem Protegida? Ou que a dieta mediterrânica, com epicentro aqui no sotavento algarvio, é património imaterial da UNESCO? É esse equilíbrio entre o simples e o sagrado que faz da cozinha tavirense uma espécie de receita infalível.
Ao final do dia, com o estômago feliz e o paladar em modo zen, resta uma última reflexão: neste roteiro, não resolveste um mistério — viveste dentro dele. E amanhã? Amanhã talvez petiscas conquilhas à beira-mar ou aprendas a fazer cataplana com quem sabe. Porque em Tavira, há sempre mais uma história à mesa.